Num
beco escuro quis ver o futuro
Desenhei
sonhos desenhei saudades
Virtudes
e maldades.
Uma
gaivota perdida, perdeu o norte porque está ferida,
Um
sonhador sem amor a sofrer… um cego a ver, desenhei
Almas,
espíritos, uivos aflitos.
Uma
efémera que perdeu o rumo, um cigarro a desfazer-se
Em
fumo… desenhei com traços de dor uma tela que me fala de amor,
Numa
viela sem candeeiros ouvi o pregão dos águadeiros, dos carvoeiros,
Das
vendedeiras de limões escutei o fado e escrevi canções, para que nunca
Me
esqueçam as recordações.
Desenhei
céus pintei aviões, festas, foguetes e foguetões desenhei janelas
Portas
e degraus.
Malandros
sentados a fumar cigarros… e o fumo a subir a noite a cair
Na
viela da vida está uma alma perdida, a vender o corpo por vinte
patacas
Há
luz de uma vela cerraram as portas abrem-se as janelas
Já
não estou seguro vou saltar o muro, agarro o nevoeiro nas
manhãs serenas
E
as aves paradas já quase sem penas.
Vou
sobreviver apenas para ver crescer, uma rosa branca que teima em nascer,
Por
dentro das pedras que a querem prender, mas com muita força ela
irá vencer,
A
luz a brilhar, o vento a soprar a chuva a cair tenho que partir
Ainda escuto as vozes
dizer baixinho, toma tento nunca te deixes
Vencer.
Num
beco pequeno… numa ruela escura, acordo dum sonho no meio da noite
Será
que foi sonho?
Ou
foi pesadelo!
Já
não quero dormir… porque tenho
Medo
de voltar a velo.
Nina
Nina
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